Ela começa com uma febre, uma irritabilidade sem explicação, talvez um choro mais insistente do que o comum. Depois, surgem pontinhos na boca, nas mãos, nos pés... E pronto: o alarme dispara nos lares com crianças pequenas. A síndrome mão-pé-boca é um nome que costuma gerar preocupação — e não é para menos. Embora seja, na maioria dos casos, uma doença benigna e autolimitada, merece atenção especial dos pais e responsáveis, especialmente nos primeiros anos de vida.
A pediatra Melice Feitosa, docente da IESVAP Afya, explicou os principais pontos sobre a síndrome, seus sinais de alerta, formas de contágio e como proteger os pequenos. A síndrome mão-pé-boca é mais comum em crianças menores de 5 anos, com destaque para os menores de 2 anos, já que estão em uma fase em que o sistema imunológico ainda está se desenvolvendo. Além disso, esses pequenos estão mais expostos a ambientes coletivos, como creches e escolas — lugares perfeitos para a disseminação do vírus.
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Mas, apesar da predominância nos pequenos, adolescentes e adultos também podem ser acometidos, geralmente de forma mais leve. A síndrome não chega de maneira silenciosa. Ela costuma se apresentar com um conjunto de sintomas que chamam a atenção dos pais mais atentos. Segundo a pediatra Melice Feitosa, os principais sinais de alerta incluem: Febre: geralmente moderada (acima de 38,5°C), podendo chegar a picos mais altos (acima de 39,5°C). Irritabilidade e mal-estar: o choro fácil e o desconforto são comuns. Dor de garganta: pode dificultar muito a alimentação. Lesões na boca: úlceras dolorosas, parecidas com aftas, que podem atrapalhar até a ingestão de líquidos. Erupções cutâneas: manchas vermelhas ou pequenas bolhas nas mãos, pés, nádegas, genitais e até em regiões como joelhos e cotovelos.
"Caso a criança apresente dificuldade para se alimentar ou sinais de desidratação (como boca seca, choro sem lágrimas ou diminuição da urina), é fundamental procurar atendimento médico de urgência", alerta a especialista da IESVAP Afya.
Assim como outras infecções virais, a síndrome mão-pé-boca se espalha rápido. A transmissibilidade é maior durante a primeira semana da doença, mas o vírus pode continuar sendo eliminado nas fezes por até quatro semanas após o desaparecimento dos sintomas, o que exige atenção contínua.
A boa notícia? Há, sim, como reduzir o risco de transmissão com medidas simples, mas eficazes: lavar as mãos com frequência (especialmente após trocar fraldas ou usar o banheiro). Desinfectar brinquedos e superfícies de uso coletivo. Evitar compartilhar objetos pessoais, como copos, talheres e toalhas. Isolar casos suspeitos, afastando a criança de ambientes coletivos até que esteja completamente recuperada.
Essas medidas são fundamentais, especialmente em ambientes como escolas e creches, para evitar surtos e proteger outras crianças. "O diagnóstico é predominantemente clínico, baseado na avaliação dos sintomas e das lesões características da síndrome mão-pé-boca", afirma Melice. Na maioria das vezes, não há necessidade de exames complementares.
Mas há exceções: em casos atípicos ou complicações, o pediatra pode solicitar exames como PCR para identificação viral e prescrever medicamentos quando necessário.
Mesmo sendo uma doença considerada leve, a pediatra reforça: "Ao perceber os sintomas, é fundamental buscar uma avaliação médica com o pediatra. Um diagnóstico correto vai garantir a segurança da família e evitar complicações."
Um dos maiores perigos é tentar resolver em casa com remédios sem orientação. "Evitar sempre a automedicação, porque medicamentos dados por conta própria podem mascarar sintomas, dificultar o diagnóstico e até agravar o quadro da criança, a depender da medicação que for utilizada", explica Melice.
Cada caso deve ser avaliado individualmente e por um profissional, de preferência um pediatra. Afinal, cuidar da saúde da criança com responsabilidade é um gesto de amor e proteção.
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