RSS
  Whatsapp

Saúde

Saúde mental precisa ser prioridade, alerta psicanalista no Dia da Luta Antimanicomial

Profissional defende práticas humanizadas no cuidado emocional e chama atenção para os impactos do sofrimento psíquico na vida cotidiana

Compartilhar

 imagens: divulgação

No dia 18 de maio é celebrado no Brasil o Dia Nacional da Luta Antimanicomial, uma data que convida à reflexão sobre os modelos de cuidado em saúde mental e à urgência de romper com práticas excludentes, violentas e desumanas ainda presentes em parte dos atendimentos psiquiátricos. Para o psicanalista Fábio de Araujo, a data é mais do que simbólica: é um chamado à responsabilidade coletiva.

“A luta antimanicomial não é contra o tratamento, mas contra o abandono e a violência institucional que muitos ainda sofrem. Defende um cuidado humanizado, em liberdade, com dignidade e afeto”, explica o especialista.

O alerta é ainda mais necessário diante dos dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), que apontam que cerca de 1 em cada 8 pessoas no mundo convive com algum tipo de transtorno mental. No Brasil, os transtornos psíquicos figuram entre as principais causas de afastamento do trabalho, segundo a Previdência Social.

>>> Siga o canal do portal Coluna Sempre Mais no WhatsApp

Para Fábio, compreender o que significa saúde mental é um passo fundamental para combater o estigma e oferecer acolhimento real às pessoas em sofrimento.

“Saúde mental é muito mais do que a ausência de doenças. É o equilíbrio emocional, a capacidade de lidar com os desafios da vida, de manter relações saudáveis e encontrar sentido na existência”, pontua.

Sinais de alerta e impactos silenciosos

Problemas emocionais não surgem de forma abrupta. Pequenos sinais podem indicar que algo não vai bem e merecem atenção: insônia, irritabilidade, cansaço constante, isolamento social e pensamentos negativos são manifestações frequentes de um sofrimento que, quando ignorado, tende a se agravar.
“Nosso corpo e comportamento costumam dar sinais claros. Quando não levamos isso a sério, o sofrimento se intensifica e pode evoluir para quadros mais graves, como depressão ou transtornos de ansiedade generalizada”, destaca o psicanalista.

Os impactos ultrapassam o campo emocional e atingem a vida profissional, os relacionamentos e a saúde física. O estresse crônico, por exemplo, pode reduzir a capacidade de concentração, comprometer decisões importantes e até enfraquecer o sistema imunológico.

“Na vida pessoal, isso afeta a autoestima, dificulta os vínculos afetivos e rouba a leveza da convivência. O sofrimento emocional não é invisível, ele apenas se manifesta de outras formas”, complementa.

Psicanálise e o cuidado em profundidade

No enfrentamento desses desafios, a psicanálise tem um papel transformador. Diferente de abordagens focadas apenas nos sintomas, ela propõe um mergulho no inconsciente, resgatando memórias, traumas e significados que moldam a forma como cada pessoa sente e vive o mundo.

“A psicanálise oferece um espaço seguro de escuta profunda, onde o paciente pode elaborar dores, conflitos e traumas. É um processo de autoconhecimento que permite acessar conteúdos inconscientes, ressignificar experiências e fortalecer a subjetividade”, explica o profissional.

O cuidado com a saúde mental não deve ser restrito ao consultório. Ambientes de trabalho saudáveis, políticas de bem-estar e relações familiares mais abertas ao diálogo fazem parte da construção de uma sociedade emocionalmente saudável.

No contexto familiar, o incentivo ao diálogo e à escuta é essencial para quebrar o tabu que ainda cerca o tema. A mudança, segundo Fábio, começa com pequenos gestos: conversar sobre sentimentos, respeitar o tempo emocional das pessoas e entender que pedir ajuda é um ato de coragem, não de fraqueza. “O cuidado emocional precisa ser cotidiano e acessível. Acolher é mais importante do que julgar”, defende.

Luta antimanicomial: um compromisso permanente

Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda há práticas e discursos que negam a humanidade de quem sofre psiquicamente. A luta antimanicomial segue relevante porque se opõe justamente a isso: à institucionalização cruel, ao silenciamento e à exclusão.

“Ainda hoje, vemos práticas que ferem os direitos humanos e desrespeitam a subjetividade de quem sofre. Precisamos manter viva essa luta, lembrando que o cuidado precisa ser com humanidade”, conclui Fábio de Araujo.

Por:

Mais de Comportamento